Nos últimos anos, o mercado automotivo brasileiro tem registrado um movimento incomum: veículos usados e seminovos passaram a valer mais com o tempo, contrariando a lógica da depreciação. Essa valorização foi impulsionada por fatores como a escassez de insumos para produção de carros novos, alta nos custos de matérias-primas e aumento da demanda.
Embora positiva para quem vende, essa elevação de preços impacta diretamente no bolso de quem mantém o veículo: o valor do IPVA 2025 e outros anos também tende a subir.
O IPVA é calculado com base no valor venal do automóvel, definido anualmente pelas secretarias estaduais da Fazenda. Quando esse valor aumenta, o imposto segue a mesma tendência. Em alguns estados, proprietários notaram reajustes significativos no tributo entre 2021 e 2025. A valorização dos automóveis em circulação contribuiu diretamente para esse cenário.
Alta de preços e produção limitada
O aumento nos preços dos carros usados está diretamente ligado à crise na cadeia global de produção, iniciada em 2020. A escassez de semicondutores, componentes fundamentais na fabricação de veículos, desacelerou a montagem de carros novos, provocando atrasos nas entregas e inflacionando o mercado. Com menos opções nas concessionárias, consumidores passaram a buscar seminovos, pressionando os preços desses modelos.
A valorização média de carros usados chegou a superar os 20% em determinados períodos, segundo dados de associações do setor automotivo. Isso fez com que o valor venal utilizado como base para o IPVA se elevasse em igual proporção.
IPVA mais caro e impacto no orçamento
Para muitos motoristas, o reajuste no imposto anual representou um desafio no início do ano. O IPVA, apesar de ser um imposto estadual, é aplicado em todas as unidades da federação e precisa ser quitado anualmente para que o veículo esteja regularizado. Os recursos arrecadados são divididos entre o governo estadual e os municípios, sendo usados em áreas como saúde, educação, infraestrutura e segurança.
Com o imposto mais alto, motoristas precisaram ajustar o orçamento pessoal ou recorrer a parcelamentos oferecidos pelos Detrans e pelas secretarias da Fazenda. Ainda assim, houve aumento nos índices de inadimplência em algumas regiões, especialmente entre proprietários de veículos de maior valor de mercado.
Planejamento é alternativa para evitar surpresas
Diante desse cenário, a recomendação principal é o planejamento. Antecipar-se às datas de vencimento, aproveitar descontos para pagamento à vista e, quando possível, reservar mensalmente um valor para cobrir o imposto são estratégias eficazes para evitar a inadimplência.
A valorização dos veículos pode parecer positiva em muitos aspectos, principalmente para quem pensa em vender, mas traz consigo um aumento das obrigações fiscais. O IPVA, por ser um tributo anual e obrigatório, reflete diretamente as variações do mercado.
Por isso, o consumidor precisa estar atento e bem informado para não ser surpreendido. Em tempos de valorização automotiva, manter o controle financeiro é mais do que uma escolha, é uma necessidade.